Da Redação – Claudia Sheinbaum, cientista climática ganhadora do Prêmio Nobel, será a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente do México, após obter uma vitória eleitoral esmagadora e prometer dar continuidade ao trabalho de seu mentor e líder que está deixando o cargo, Andrés Manuel López Obrador.
Sheinbaum deve enfrentar dois grandes desafios nos próximos seis anos: a violência e a imigração.
O primeiro é um problema que persiste há décadas e está interligado com as guerras entre os cartéis de droga do país.
Nos último seis anos, o presidente Antonio Manuel López Obrador adotou a política de “Abrazos, no balazos”, que pode ser traduzida como “abraços, não tiros”, com o discurso de que combate ao crime deve se dar a partir de suas raízes, como a pobreza. “Deve se enfrentar o mal com o bem”, que costumou dizer durante seu mandato, porem, na pratica essas abordagem humanitária não colocou fim aos conflitos.

Mais que um tema central, a violência atingiu em cheio a campanha eleitoral, considerada a mais sangrenta na história recente do México.
Foram 82 assassinatos relacionados ao processo eleitoral, sendo 34 de candidatos ou aspirantes, e os números tendem a ser ainda maiores.
Desde que o levantamento foi publicado pelo think tank Laboratório Electoral, não pararam de circular vídeos de políticos locais assassinados, corpos crivados de balas estendidos no chão, comícios encerrados por tiros à queima roupa
Segundo analistas a violência política é um reflexo de como os cartéis avançam para ampliar o seu domínio sobre o México. Em busca de influência nas polícias municipais e estaduais, os criminosos tentam cooptar candidatos a partir do financiamento de campanhas e tem retirado da disputa, na base da bala ou da ameaça, os políticos que contrariam seus interesses ou foram cooptados por grupos rivais.
Imigração
O segundo desafio, a imigração, passou ao largo das discussões políticas antes das eleições, mas é um tema de preocupação crescente no México devido às relações com os Estados Unidos.
“A relação com os Estados Unidos é a relação mais difícil para nós, mexicanos”, disse o analista político Agustín Basave. “(O ex-presidente Enrique) Peña Nieto e depois López Obrador cometeram erros graves na relação com Donald Trump. O México está fazendo o trabalho sujo para os Estados Unidos em matéria de imigração. Isso é vergonhoso.”
Os dois países têm um acordo que prevê que o México reforce o controle da fronteira para impedir que os imigrantes cheguem ao solo americano e tem atravessado governos.
“O que existe atualmente é a continuação da política proposta por Trump, que levou o México a se tornar um filtro para impedir a imigração”, afirmou o analista Roger Bartra. “Trata-se de uma política repressiva a serviço dos Estados Unidos e Joe Biden também se aproveitou disso”, acrescenta.
O México prendeu, no ano passado, o número recorde de 782 mil pessoas em situação irregular, um aumento de 44% em relação a 2022.
Discretamente, o governo também tem colocado imigrantes em ônibus e os levado para longe dos Estados Unidos, em resposta à pressão do governo americano para conter o fluxo na fronteira, que colocou Joe Biden na mira do Partido Republicano em ano de eleição nos EUA.