Por: Alfredo Melo – Na cidade de Chifrolãndia, interior de qualquer estado do Brasil, a pelada de fim-de-ano entre o Eterna Aliança (casados) e o Sofrer Pra Que (solteiros), já havia se tornado o grande evento do ano. Nas últimas quatro partidas, o time do Sofrer Pra Que (solteiros), havia saído vencedor, na cidade o pessoal do Eterna Aliança (casados), não suportava mais tanta gozação, mas, existia um culpado e, era sempre o juiz.
Quando a organização do evento, se reuniu para acertar os detalhes para a pelada de 2016, com os representantes dos dois times, o representante do Eterna Aliança, exigiu a contratação de um trio de arbitragem, de fora da cidade. Dois dias antes do jogo, a Comissão Organizadora divulgou o nome e cidade do arbitro.
De posse desses dados, Zezinho Trinca Ferro, representante do Eterna Aliança viajou para a cidade de Cascalho Rico, localizou o arbitro e conversou com ele, saindo logo depois da cidade, com o que se chama no jargão futebolístico, com o arbitro na “gaveta”. No dia 31 de dezembro, como manda a tradição, as 3 horas da tarde, a bola rolou em mais uma partida nervosa. Os times nervosos, os torcedores nervosos, arbitro e bandeirinhas nervosos, só quem não estava nervoso era Zezinho Trinca Ferro. O arbitro cometia pequenos erros, mas nada que prejudicasse os solteiros.
O jogo seguia empatado em 0x0 e Trinca Ferro e o juiz “engavetado” torcendo para que algum jogador do time dos casados, caísse na área, para se marcar uma penalidade máxima. Aos 41 minutos do segundo tempo, as preces foram ouvidas e o centroavante Salsa, trombou com o zagueiro e caiu, o juiz não pensou duas vezes e marcou a penalidade máxima, sob protesto dos solteiros. A atacante Salsa pegou a bola, colocou embaixo do braço se dirigiu a marca da cal e aguardou a autorização do arbitro, o juiz apitou, Salsa bateu com o goleiro defendendo com firmeza.
Alegando que o goleiro havia se mexido, o juiz ordenou nova cobrança e o goleiro voltou a defender, desesperado o juiz mandou cobrar o pênalti pela terceira vez, foi demais. Se a PM não intervém, o juiz, com certeza não voltaria para Cascalho Rico, vivo. Quando o arbitro viu a atacante Salsa caminhando com a bola para a marca do pênalti, entrou em pânico, se aproximou de Salsa e disse baixinho no seu ouvido “você não, manda outro bater, eu preciso sair vivo daqui”.
Bem, até que enfim o Alfredo Melo assume a verdade que nunca quis calar: ele é o Gatinho Cruel, que agora sai de cena para dar lugar ao seu criador. Enorme criatura no sentido literal, na bondade, no caráter e no conhecimento profundo do futebol e das coisas boas da vida, inclusive pratos deliciosos. Ah, tem também a paixão pelo Botafogo cada dia maior…