Edel Holz – Um dia, já fui indocumentada. Nunca tive medo de dirigir porque o número do meu social security sempre foi verdadeiro. E não podia ser mandada embora de nenhum emprego, mas o papel era mais falso que fake news.
Fiquei 7 anos aqui, com uma saudade imensa da minha família e dos amigos, sem a certeza de voltar a vê-los vivos.
Me casei com Fernando, ele me inseriu em seu processo e nossa Sophia nasceu! A espera pelo green card que de green não tem nada, foi uma novela mexicana: o advogado inicial do Fernando foi indiciado por fraude, mudamos de advogado e enfim, no dia 23 de dezembro de 2007, chegou nossa carta de alforria! Ficamos um ano no Brasil.
Marido e filha conheceram minha família, minha terra natal Passos-e foi maravilhoso! Voltamos pra cá.
Em 2015 conseguimos nossa cidadania e ainda sabemos entender a dor da ilegalidade. Não é porque somos cidadãos americanos hoje que apoio alguém que nos odeia. pelo contrário.
Não entendo como um homem que sonegou impostos se tornou Presidente pela segunda vez! Se um de nós sonegar um mísero dollar que seja, seremos presos! Vi pessoas abominarem o Papa Francisco por defender os imigrantes como eles.
Este foi o único Papa em mais de 2000 anos que seguiu e segue os ensinamentos de Cristo. Na pandemia, abriu as portas do vacatino pra mendigos dormirem lá. Isso me faz pensar que esses mesmos indivíduos que com certeza se consideram cristãos, esperando a vinda de Cristo, que quando este voltar e pedir para repartirem o pão, os peixes e amarem o próximo como a ti mesmo, irão chamá- lo de comunista e crucificá- lo outra vez.
Uso esta coluna pra homenagear pessoas e escrever crônicas cômicas. Diante à tanta indignação digo:- Bando de hipócritas tenham compaixão e calcem o sapato do outro porque ontem a dor foi sua!
SOBRE A COLUNISTA: Edel Holz é a mais premiada e consagrada atriz, roteirista, diretora e produtora teatral brasileira nos Estados Unidos. Inquieta e de mente profícua, Edel tem sempre um projeto cultural engatilhado para oferecer para a comunidade brasileira. Depois de anos de ausência, Edel volta a abrilhantar as páginas de um jornal. Damos as boas vinda à poderosa e de mente efervescente Edel.