Eliana Pereira Ignacio – Olá, meus caros leitores hoje trago uma reflexão, para que possam examinar o que acreditam sobre si mesmo. Em algum momento de nossas vidas, somos confrontados com situações difíceis, desafios e condições adversas.
À medida que navegamos por esses eventos, é comum sentirmos que as circunstâncias ao nosso redor podem definir quem somos. No entanto, essa crença não apenas limita nosso potencial, mas também distorce a compreensão de nossa verdadeira identidade.
Em psicologia, há um entendimento crescente de que, embora as condições de vida possam ter impacto sobre nós, elas não devem ser vistas como fatores determinantes de quem somos como indivíduos.
Identidade Versus Circunstâncias A identidade de uma pessoa não é determinada pelas condições externas de sua vida.
De fato, o conceito de identidade, na psicologia, vai muito além das circunstâncias momentâneas.
Erik Erikson, um dos mais influentes psicólogos do desenvolvimento, argumentou que a identidade é um processo contínuo de autodescoberta e crescimento, que se estende ao longo da vida. Segundo ele, a identidade é formada através de crises e escolhas conscientes, e não apenas pelas condições externas que enfrentamos.
Erikson explicou que, embora as crises da vida tenham um papel na formação da identidade, é a maneira como lidamos com elas que realmente define quem somos. Essa visão sugere que as adversidades e desafios que encontramos podem, sim, moldar nossas reações e nos fornece, oportunidades de crescimento, mas não são elas que definem, intrinsecamente, nossa essência.
Se acreditarmos que nossas circunstâncias determinam nossa identidade, corremos o risco de nos ver como meras vítimas de forças externas, sem reconhecer o poder que temos de moldar e reinterpretar essas experiências. A Resiliência como Resposta às Condições da Vida Uma resposta psicológica comum às condições adversas é o desenvolvimento de resiliência.
A resiliência pode ser entendida como a capacidade de se recuperar de dificuldades e continuar se desenvolvendo, apesar dos obstáculos.
Estudos de psicologia positiva mostram que pessoas resilientes tendem a enxergar as circunstâncias como temporárias e mutáveis, e não como aspectos permanentes de sua vida ou identidade.
O psicólogo Martin Seligman, um dos principais proponentes da psicologia positiva, propõe que a resiliência está associada ao otimismo aprendido, que nos permite desafiar a visão de que os eventos negativos são permanentes ou definidores. Neste sentido, embora as condições de vida possam influenciar nossas emoções, comportamentos e até mesmo a forma como nos vemos em um momento específico, é essencial lembrar que esses eventos são temporários.
Somos mais do que nossas circunstâncias, e temos o poder de escolher como respondemos a elas. As adversidades podem ser vistas como oportunidades para autoconhecimento e fortalecimento, ao invés de fatores limitantes.
A Importância da Auto-percepção e do Autoconhecimento Outro aspecto central no processo de desassociar identidade e circunstâncias é o desenvolvimento do autoconhecimento.
Carl Rogers, fundador da abordagem centrada na pessoa, acreditava que o processo de autoconhecimento e autoaceitação é crucial para alcançar uma identidade autêntica e congruente. Rogers argumentava que, muitas vezes, as pessoas se perdem em condições externas, buscando aprovação ou ajustando suas identidades para corresponder às expectativas alheias, sem explorar quem realmente são por dentro. Para Rogers, a verdadeira compreensão da identidade requer um olhar interno, uma análise profunda dos próprios sentimentos, pensamentos e valores, independentemente das influências externas. Quando reconhecemos que nossa identidade está enraizada em nossa essência interna — e não nas circunstâncias passageiras da vida — ganhamos a liberdade de nos expressar de forma mais autêntica e verdadeira. Isso nos permite viver de acordo com nossos próprios valores, em vez de sermos definidos pelas expectativas ou pressões impostas pelas circunstâncias ao nosso redor.
“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim.” Gálatas 2:20
Até a próxima semana!!!
Eliana Pereira Ignacio é Psicóloga, formada pela PUC – Pontifícia Universidade Católica – com ênfase em Intervenções Psicossociais e Psicoterapêuticas no Campo da Saúde e na Área Jurídica; especializada em Dependência Química pela UNIFESP Escola Paulista de Medicina em São Paulo Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, entre outras qualificações. Mora em Massachusetts e dá aula na Dardah University. Para interagir com Eliana envie um e-mail para epignacio_vo@hotmail.com ou info@jsnews.com