Por: Eliana Pereira Ignacio –
Olá, meus caros leitores, hoje, trago um tema muito importante na construção da vida adulta. E pouco explorado, falo sobre a criança interior que todos temos. A noção de “criança interior” tem sido uma metáfora amplamente discutida na psicologia, representando as partes de nossa personalidade que são formadas durante a infância.
Essa criança interior é composta por nossas primeiras experiências, emoções e aprendizados, e tem um impacto profundo em nosso comportamento e bem- -estar emocional na vida adulta. Reconhecer e acolher essa criança interior é essencial para a cura e o crescimento pessoal, pois muitas das nossas feridas emocionais são originárias de necessidades não atendidas e traumas vividos na infância.
Desde o nascimento, os seres humanos começam a formar suas percepções do mundo e de si mesmos. As primeiras interações com os cuidadores são fundamentais para o desenvolvimento emocional e psicológico.
John Bowlby, através de sua teoria do apego, destacou a importância dessas primeiras relações e como elas moldam a forma como nos relacionamos com os outros ao longo da vida.
Quando as necessidades emocionais de uma criança são consistentemente atendidas, ela desenvolve um senso de segurança e autoestima. No entanto, quando essas necessidades não são atendidas, podem surgir sentimento de insegurança, medo e baixa autoestima, criando feridas emocionais que persistem na vida adulta.
A criança interior se manifesta de diversas maneiras na vida adulta. Pode aparecer como uma sensação de vulnerabilidade, medo irracional, comportamentos regressivos ou mesmo como uma necessidade intensa de aprovação e aceitação.
Muitas vezes, as reações emocionais desproporcionais em situações cotidianas são indicadores de que a criança interior está se manifestando. Essas reações são tentativas de resolver questões não resolvidas do passado.
Quando a criança interior se manifesta, é crucial que o adulto não a censure. A psicologia humanista, representada por Carl Rogers, enfatiza a importância da aceitação incondicional e da empatia no processo de cura. Em vez de reprimir ou ignorar essas emoções, é fundamental voltar-se para a criança interior com um espírito de acolhimento e compreensão. Isso envolve reconhecer suas necessidades, validar suas emoções e proporcionar o cuidado e a segurança que talvez não tenham sido recebidos no passado. A importância do acolhimento torna-se indispensável.
O acolhimento da criança interior envolve reconhecer as feridas emocionais e as necessidades não atendidas da infância. Muitas vezes, os adultos tentam seguir em frente sem abordar essas questões, mas isso pode resultar em padrões de comportamento destrutivos e problemas emocionais persistentes.
A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) sugere que aceitar e enfrentar nossas emoções dolorosas, em vez de evitá-las, é um passo crucial para a cura. Acolher a criança interior significa criar um espaço seguro onde essas emoções possam ser expressas e processadas de maneira saudável.
Bem como a necessidade de entender e tranquilizar além do acolhimento, é essencial entender as origens dessas emoções e comportamentos. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) destaca a importância de identificar e desafiar crenças disfuncionais que se formaram na infância. Ao entender a raiz de nossas reações emocionais, podemos começar a reestruturar nossas crenças e desenvolver formas mais saudáveis de lidar com os desafios.
Tranquilizar a criança interior envolve proporcionar a segurança e o conforto que podem ter faltado na infância. Isso pode ser feito através de práticas de autocuidado e autocompaixão. A psicóloga Kristin Ne, uma das principais pesquisadoras da autocompaixão, sugere que tratar a si mesmo com a mesma bondade e compreensão que ofereceríamos a um amigo próximo pode ser profundamente curativo. Tranquilizar a criança interior significa oferecer a nós mesmos o amor e o cuidado que talvez não tenhamos recebido no passado.
O cuidado dos aspectos infantis mal resolvidos envolve um compromisso contínuo com o autocuidado e o crescimento pessoal. A Terapia de Regressão à Idade, por exemplo, permite que os adultos revisitem e processem experiências traumáticas da infância, oferecendo uma oportunidade para reescrever a narrativa dessas experiências de uma maneira mais positiva e empoderadora.
A psicologia também sugere a utilização de técnicas de visualização para interagir com a criança interior. Visualizar-se como uma criança e oferecer palavras de conforto e encorajamento pode ser uma maneira poderosa de curar feridas emocionais.
A prática regular de mindfulness também pode ajudar a aumentar a consciência e a aceitação das emoções associadas à criança interior.
Eis que os filhos são herança do Senhor, o fruto do ventre, uma recompensa Salmo 127.3
Até a próxima semana!
Eliana Pereira Ignacio é Psicóloga, formada pela PUC – Pontifícia Universidade Católica – com ênfase em Intervenções Psicossociais e Psicoterapêuticas no Campo da Saúde e na Área Jurídica; especializada em Dependência Química pela UNIFESP Escola Paulista de Medicina em São Paulo Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, entre outras qualificações. Mora em Massachusetts e dá aula na Dardah University. Para interagir com Eliana envie um e-mail para epignacio_vo@hotmail.com ou info@jsnews.com